Fazer uma viagem com crianças não é fácil! Elas ficam ansiosas, inquietas e, muitas vezes, cansadas. Por isso, exigem cuidados especiais e atenção redobrada.
E a situação complica ainda mais quando o passeio tem que ser de avião. Nesse caso, há mais uma preocupação com os pequenos: o incômodo no ouvido, provocado pela pressão interna devido à altitude.
Neste artigo, vamos apresentar formas de contornar os efeitos colaterais causados pela pressão e pela mudança de altitude. Assim, é possível tornar a viagem com crianças mais agradável. Acompanhe!
A estrutura interna do aparelho auditivo
A estrutura do aparelho auditivo humano é dividida em três partes: externa, média e interna. O ouvido externo é formado pelas orelhas e pelo canal auditivo externo, que são os responsáveis por amplificar os sons e levá-los até o tímpano — uma sensível membrana que separa o ouvido externo e o médio.
O ouvido interno, por sua vez, é composto pelo labirinto e cóclea . Trata-se da parte responsável por proporcionar o equilíbrio (você já ouviu falar em labirintite? Ela pode ser causada por problemas no ouvido interno!).
Já o ouvido médio, conhecido como orelha média, é uma cavidade presente dentro do osso temporal, delimitada pelo tímpano e ligada pela tuba auditiva à parte posterior da cavidade nasal. Ele liga-se às cavidades nasais pela trompa de Eustáquio, que regula a pressão entre o ouvido médio e o mundo externo.
O adequado funcionamento da tuba auditiva é essencial para o controle do volume de ar que ocorre dentro da orelha média.
O aparelho auditivo das crianças
As crianças são vulneráveis ao bloqueio da tuba auditiva causado pela pressão e mudança brusca de altura. A estrutura da tuba auditiva tem a forma de um canudo e conecta os ouvidos ao nariz.
Nos pequenos, ela é mais curta e estreita, além de ficar na posição horizontal. A anatomia dessa parte do corpo torna os pequenos mais suscetíveis às variações de pressão.
A dor de ouvido surge quando o organismo não consegue equalizar corretamente a pressão entre a parte média do ouvido e o meio externo. As crianças costumam sofrer com isso porque têm uma sensibilidade maior, causada pela imaturidade na formação do sistema de compensação de pressão.
A pressão atmosférica
Em voos comerciais, as cabines estão sempre pressurizadas. Isso significa que a pressão interna é constante, por mais elevada que seja a altitude do voo. Quanto maior a altitude, menor a pressão e mais espaço os gases ocupam.
No momento da aterrissagem e da decolagem, acontece uma mudança rápida de altitude, que causa uma pressão nos ouvidos e a sensação de que eles estão tampados. Assim, quando o avião sobe, a pressão do ar atmosférico diminui e o volume de ar que se forma dentro da orelha média aumenta.
A coluna de ar que recai sobre nós será tanto menor quanto maior for a altitude (e tanto maior quanto menor a altitude). Nesse momento, a tuba auditiva se abrirá espontaneamente para dar saída ao excesso de ar da orelha média, ficando tudo bem — exceto se algo impedir a abertura da tuba.
Se tal “excesso” de ar não sair por bloqueio da tuba, vai empurrar o tímpano para fora e causar dor. Durante o pouso, a pressão atmosférica aumenta e o volume de ar dentro da orelha média diminui, puxando o tímpano para dentro (e isso é ainda mais doloroso).
Nesse momento, é necessário que entre mais ar na orelha média, para que o equilíbrio seja restabelecido. Mas, diferentemente do caso anterior, isso requer um movimento voluntário, como bocejar ou engolir, para poder abrir a tuba auditiva.
Assim, tal anatomia dificulta a compensação entre a pressão de fora e de dentro do ouvido. Além disso, os bebês não conseguem equalizar a pressão intencionalmente em seus ouvidos.
Crianças e bebês, preferencialmente acima de três meses de idade, podem voar de avião. Porém, eles correm o risco de sofrer desconfortos durante a viagem. A dor de ouvido é muito comum durante o voo e, caso seja negligenciada, pode tornar-se aguda.
A importância do médico otorrinolaringologista
O melhor é consultar um profissional otorrinolaringologista antes da viagem. Ele indicará um medicamento adequado a ser aplicado, bem como a quantidade e a frequência.
Na maioria das vezes, o desconforto é transitório e acaba espontaneamente após o pouso. Entretanto, em caso de sintomatologia persistente, também é importante procurar a opinião de um médico especialista, que avaliará o caso.
As alternativas para aliviar a dor
Analgésicos
Algumas medicações analgésicas amenizam a dor causada pela pressão nos ouvidos. Geralmente, elas apresentam-se em forma de comprimidos ou soluções. A indicação varia conforme a prescrição preventiva feita pelo otorrinolaringologista.
Dessa forma, se o médico prescreveu algum medicamento para cessar o incômodo nos ouvidos, considere manter a receita com a prescrição do produto junto a você. Isso pode ser útil durante a viagem se o desconforto permanecer.
Soro fisiológico
O soro fisiológico ajuda a desentupir a tuba auditiva, aliviando a sensação de desconforto. A solução é introduzida por meio de aplicações tópicas dentro do nariz e proporciona uma abertura gradativa do canal auditivo.
Uma dica preventiva importante é levar a carteira de vacinação da criança, pois ela pode ser solicitada.
A deglutição ou sucção durante o voo
Além dos remédios indicados, levar alimentos e bebidas na bagagem de mão é uma sugestão valiosa. Alguns movimentos de mastigação e deglutição podem ajudar a aliviar o incômodo nos ouvidos.
O movimento de deglutição durante a viagem auxilia a manter o equilíbrio entre a pressão de dentro do ouvido e a do ambiente. Tudo isso favorece a musculatura da mastigação e deglutição, facilitando a abertura da tuba auditiva. Dessa forma, a criança deve mastigar alimentos (ou chicletes, que são mais práticos).
Além disso, o movimento de sucção alivia a pressão negativa formada nos ouvidos. Assim, ela pode chupar a chupeta ou a mamadeira. Se o bebê ainda mama, oferecer o peito é outra opção que traz benefícios.
Essas são algumas precauções que você precisa tomar antes do voo para proporcionar uma viagem tranquila tanto para seus filhos quanto para você. Com os devidos cuidados, a viagem com crianças pode ser uma experiência incrível.
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